sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Noite de Chuva



Noite de chuva
Atrás da sombra o silêncio
Da madrugada perturba
Meu coração.

Noite de chuva
Os meus pensamentos
Bóiam dentro do mar mórbido
Da minha vida sem rumo
Na qual mudamos o curso
Sem ver em que direção se vai.

Nada mais
Vejo a minha frente
Apenas sombras vagam pela minha mente
E nada mais ouço passar
Apenas um sussurrar no pé do ouvido
E o medo, meu velho amigo
Que nunca quis me abandonar.

Noite se vai
Como a chuva que cai
Perturbando as lembranças
De quando eu era criança
A memória do meu pai.

Noite de chuva
De chuva que cai
E pra mim sobra apenas
O tempo para lamentar
Para ver onde vou errar
E qual o próximo tiro que não vou acertar.

Noite escura
A chuva cai
Ando nas sombras
Mas é Deus quem vai
Guiando-me os caminhos
Por isso nunca estou sozinho.

Chuva cai
Mas vai parar.
Sofro hoje,
Mas amanhã não vou chorar...


Thiago Grijó Silva

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Eu Preciso


Eu gostaria de libertar os meus desejos
Uma vez mais nesta vida...

Poderia até pensar em nunca mais faze-lo
Renunciando tudo aquilo que desejo
E desperdiçando minha idade, como agua
Cavando a cova cada vez mais amarga
Intimidando minha natureza até mata-la,
Só para não te assumir minha fraqueza
Outra vez, dizendo querer liberta-la.



Thiago Grijó Silva

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Alma Árida


Traz o mal aqui
E o manda se sentar.
De a ele de comer e bebida de graça
Diga que eu o sirvo, idolatro.

Traz o bem aqui
E o manda ajoelhar.
De a ele umas porradas e não pare de surrar
Diga que me sirva, mande-o se curvar.

Traz o pesadelo aqui
E o mande se acomodar.
De a ele um aposento e o deixe ficar
Diga que é meu amigo, não precisa pagar.

Traz o sonho aqui
E o manda se matar.
De a ele uma razão e o deixe pensar
Diga que sou seu inimigo, e o deixe sangrar.

Traga-te aqui
E me mande parar!
De a mim a punição por te enfrentar
Diga que me perdoa, e me faça me amar...



Thiago Grijó Silva

Primeira Pagina




Eu vinha trazendo nos dias que seguiam
Uma carga que de certo, eu queria me livrar.
E hoje eu já não penso de muitas maneiras em como poderia fazê-lo
Atenho meu tempo a curtos problemas que tendem
A crescer descontroladamente mais rápido
Do que jamais consegui andar.

Eu vinha já por esses dias pensando
Em me livrar de todo esse peso e talvez
Abordar uma espécie de fruto doce
Que me liberta-se do sabor amargo
Que tem sido o aperitivo do meu paladar apurado,
Durante o que chamo de vida.

Eu já pensei, mais de uma vez, nesse momento
E antes nunca se mostrou tão claro, e é óbvio
Que não entendo o significado dessas estrelas
Que a mim, nada dizem a respeito do que, de certo,
Não procuro compreender por completo
Me mantendo vendado no caminho guiado por um cego.

Eu já via a luz, que agora parte, mas já partiu outrora
Quem sabe não volta qualquer hora
Mas de certo, eu sei, que não me cabe conhecer o ir e vir da felicidade
Mas recebe-la em minha casa, ainda que essa seja a estrada,
Já me é a bênção de que preciso, por Deus para mim ofertada
Mas por estes dias não tem vindo, talvez me olhado, mas sumido.

E eu já cansado ando pensando em jogar fora esse fardo
De carregar essa carga, pelas noites e dias, cada vez mais pesado
E tem dias que oro, quase choro, e retumbante esse meu penar desnecessário
A tal ponto que se os anjos não rissem, eu riria por eles
A observar sempre as mesmas palavras, em contextos iguais
Refletindo um estado de perpetua impermanência.

É. Eu já carreguei essa carga por tempo demais, vai-te!
E não te ponhas em meus ombros nunca mais!
Antes fosse tão simples, mas ações não se constroem
Em pensamentos que nunca viraram nem ao menos palavras.
E ainda agora trago essa carga, um fardo que me incumbi de levar
E que acaba por me levar, para algum lugar...


Thiago Grijó Silva

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Amor




Eu quero gritar o seu nome
E destruir o muro que me afasta de você.
Eu quero arrebentar as correntes
E correr de encontro a essa felicidade.

Eu quero rasgar o meu peito
E extrair dele, em palavras, todo esse sentimento.
Eu quero morar nos seus sonhos!
E respirar, em cada dia, a tua presença.

Eu quero parar de sentir tua falta
E por abaixo a cortina que afasta nossos olhos.
Eu quero consumar esse desejo
E unir nossas mãos, ainda que por uma noite apenas.

Eu preciso destruir o muro que me cerca
E arrebentar as correntes que me prendem longe de você.
Eu necessito do seu carinho, da sua atenção
E preciso gritar o teu nome entalado no meu coração.


Thiago Grijó Silva 

domingo, 6 de novembro de 2011

Espinho


Não posso te oferecer um abraço.
Não posso te dar meu conforto
Ou oferecer um pouco de carinho
Nem posso pensar em te procurar.

Não posso te dizer que estou contente.
Não posso te falar: "meus parabéns!"
Nem sequer posso te mirar os olhos
E dizer que me alegra saber que tudo esta bem.

Não posso te dar minha amizade.
Nem acalmar meu coração com sua voz suave
Me dizendo que acabou, mas não posso
Nem ao menos procurar saber sobre você.

E isso dói muito, dói demais.
Te ver acuada ou alegre e não poder
Nem ao menos ter o direito de me preocupar
Machuca muito. Machuca demais...



Thiago Grijó Silva

Eu deveria dedica-lo. Mas não irei faze-lo.

sábado, 5 de novembro de 2011

Meu Céu




Eu procuro no sangue uma cura
Que reine a morte na noite escura
Que eu procuro na vida uma saída
Eu reino só, entre os dias.

Eu busco no amor uma dor
Que reine o silêncio sobre o nome
Que eu procuro na guerra a justiça
Eu busco só, muitas mentiras.

Eu desejo nas trevas um sonho
Que reine o bem nos meus pesadelos
Que eu quero no futuro a loucura
Eu desejo só, meus medos.


Eu preciso nas veias teu nome
Que reina no céu o teu rosto 
Que eu quero no passado a lembrança 
Eu preciso só, de esperança.


Thiago Grijó Silva

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Sexo Dos Anjos


A beleza da pura estupidez
De elevar ao mais alto grau
Sua ignorância e insensatez
Transbordar a discórdia
Entre idéias confusas
Acerca da verdade absoluta.

É a singela proteção
Em eterna revelia
A união da guerra
Com a paz que já fora vencida
Antes de poder entender
Acerca das palavras ditas.

O sentido se confunde
Com a falta da razão
Acusações sem base
É a essência do combate
Que insistem em travar
Acerca da vitória que não vão alcançar.

É a ignorância conduzindo
Em eterna escuridão
Tomando as rédeas da tripulação
Incapaz de entender
Continua a bravejar
Acerca da certeza que não pode provar.


Thiago Grijó Silva.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Linda Flor II


Plantei uma semente
Na terra da esperança
E dela nasceu um talo
Que me trouxe a lembrança
De um passado iluminado
Que se tornou sombrio
Mas preciso revigorá-lo
Para mais uma vez poder senti-lo.

Adubei esse talo com carinho e amor
Escrevi versos forçados
Para pedir desculpas
Ao meu amor
O talo com medo
Não sabia o que pensar
Mas para minha felicidade
Começou a desabrochar de alegria
A cada verso meu que dizia:
“Vim para me desculpar”.

E como foi grande minha alegria
Ao ver o talo se transformar
Na linda flor, que eu queria.
Sorrindo pro sol, todos os dias.
Afastando as trevas desse
Passado sombrio
E nos deixando apenas
As boas lembranças
Que nos cabiam
Do que queríamos partilhar.

Conversamos durante alguns dias
E toda aquela alegria
Que no passado eu sentia
Voltou para preencher os meus dias
Sempre que você me dizia: “ola”.

Mas passado algum tempo
Você parou de falar
E o sol cedeu seu lugar
As pesadas nuvens
Que vieram me encharcar
De duvidas e medos
Sobre o que você poderia pensar.

E a linda flor que eu fiz renascer
Cedeu seu lugar a treva
Que eu queria esquecer.
E agora,
Eu vago pelo jardim das rosas,
Vivas ou mortas,
Procurando você...
 

Thiago Grijó Silva